Artesanato
Terra profundamente ligada aos rios e ao transporte fluvial, Constância vê nas miniaturas de barcos a memória do tempo dos seus varinos. Desse tempo vêm também as bonequinhas que as mulheres dos marítimos confecionavam, aproveitando o tempo e restos de tecido, para depois venderem e minorarem as suas carências.
Bonequinhas
Mais antigas do que a nossa memória, sempre jovens e belas nas mãos de uma criança, a alindar um recanto, a despertar-nos lembranças, a encantar-nos os olhos.
Singelas mas elegantes e de uma imensa dignidade, transportam consigo sinais da identidade de Constância, das suas raparigas, das suas mulheres, das suas mães – e das mãos, também de mulher, que as fazem desde não se sabe quando.
Foram ganha-pão caseiro, nos tempos dos marítimos do Tejo, quando os homens embarcavam e as mulheres ficavam em casa, cuidando dos filhos e aproveitando o tempo e os restos de tecidos para fazerem bonecas. Vendidas às grosas para as feiras da região, alimentavam os sonhas das meninas que as compravam e minoravam as carências das mulheres que as faziam.
Hoje, como sempre, discursam no feminino. Como Constância, Vila Poema, de onde são filhas e orgulho. E são bonequinhas, não por serem simples ou pequenas, mas por levarem em si, a começar pelo nome, toda a ternura do mundo.
Não há no país quem tenha
Mais arte, mais elegância,
Quem seja mais popular
Que as bonequinhas de Constância.Teatro constanciense, anos 50
Mel de Constância
A Doçura da Nossa Natureza
Os antigos escolheram-no para presentear os deuses, certamente por não encontrarem melhor e mais rico alimento de entre aqueles com que a natureza presenteou os homens.
Do néctar das flores, que as obreiras extraem, transportam e armazenam nos favos, no interior das colmeias, provém esta deliciosa maravilha com que as abelhas se alimentam e que nós lhes subtraímos para nosso proveito e deleite.
Pelos matos de Constância, dum lado e doutro do Tejo, quando a primavera espalha o cheiro do rosmaninho, do alecrim e dos pomares de laranjeira, milhões de abelhas saltitam de flor em flor, assim fazendo para nós o mel mais rico e mais puro, a doçura da nossa natureza.
Miniaturas de Barcos
Quando Constância era porto, havia nas margens dos rios muitos barcos em construção e outros em reparação.
O calafate(1), em conjunto com outros homens, ocupava-se no trabalho de construção e reparação dos barcos. Os estaleiros de Constância foram escola de bons mestres, dos mais sabedores da arte que havia por todo o Tejo, e das suas mãos saíram muitos botes e varinos, alguns de grande tonelagem, que iam para outros portos, sobretudo a jusante. E até para Espanha foram, Tejo arriba até Toledo, quando a navegação se fazia sem o embaraço das barragens nem o assoreamento dos rios.
Desde os 8 anos de idade que Hermínio Bento trabalhou nas embarcações que continuamente subiam e desciam os rios. Aos 60 começou então a dedicar-se às réplicas, em miniaturas, dos barcos que ao longo da sua vida tanto o cativaram. Um a um foi-lhe ganhando o jeito, a ponto de uns anos mais tarde vir a dar cursos de formação, de forma a dar continuidade ao trabalho por si iniciado.
Nos dias de hoje, há já pouca gente a trabalhar neste tipo de artesanato. O sr. Hermínio faleceu e os seus aprendizes foram a pouco e pouco desistindo da tarefa exigente que é a construção de réplicas de barcos regionais.
Alguns exemplos de réplicas (sendo o varino o mais típico):
Lancha – Tinha o fundo chato, a proa em bico, a popa cortada a direito e podia ser movida à vela, a remos e à vara.
Este barco era utilizado na pesca perto da vila de Constância, sendo necessários dois pescadores: um remava e outro lançava e recolhia as redes.
Batelão – Mandado construir pela Câmara Municipal em 1950 para fazer a ligação entre as duas margens do rio Tejo, transportando automóveis e pessoas.
Era uma embarcação manobrada por três homens: um ficava ao leme e os outros dois nos remos ou nas varas. Tinha um comprimento de cerca de 10 metros e uma largura de 3 metros.
Barca de passagem – Era uma embarcação utilizada em Constância para a passagem de pessoas, mercadorias e principalmente de animais entre as duas margens do rio Tejo.
Tinha geralmente cerca de 10 metros de comprimento e 3 metros de largura.
Abringel – Era uma barco construído nos pinhais do rio Zêzere pelos madeireiros, tendo uma tonelagem de três a quatro mil quilos. Era uma embarcação construída em madeira de pinho crua e para impermeabilizar utilizava-se o pez de louro.
Estes barcos tinham como função seguir a madeira que vinha por flutuação pelo rio abaixo até às serrações da Praia do Ribatejo, sendo depois vendidos em Constância a baixo preço.
Lancha-praieira – Era uma embarcação típica de pesca, com um comprimento médio de 7 metros por 1,5 de largura, movida a remos ou à vela. Levava quatro pescadores, o arrais, o moço e dois camaradas.
Varino – Era uma embarcação utilizada no rio Tejo para o transporte de mercadorias para Lisboa e desta cidade para os portos ribeirinhos. Tinha uma proa arredondada, sem quilha e o fundo chato para poder navegar com pouca água. O mastro era inclinado à ré e armava uma vela de estai na proa e uma vela quadrangular, ambas de cor vermelha.
Estes barcos tinham, em média, um comprimento de 16 metros, uma altura de 15 metros e uma capacidade de cerca de 35 toneladas.
Desalijo – Era uma embarcação de fundo chato, sem quilha, com um comprimento médio de 6 metros e uma altura de 5 metros. No seu mastro armava uma vela triangular de cor vermelha e tinha uma tonelagem de 7000 quilos.
Este barco, facilmente manobrado por um só homem, tinha a função de auxiliar o varino quando este estava carregado e não tinha água suficiente para navegar. Retirava-lhe parte da carga e acompanhava-o no seu percurso até Valada (terra de maré). Aqui tornava-se a fazer o transbordo da mercadoria para o varino,que seguia para Lisboa enquanto o desalijo regressava a Constância.
(1) Nome dado em Constância ao mestre responsável pela construção de barcos
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